Hoje um post diferente, um texto qe escrevi em 2007.
Passeio na Praça de Casa Forte: o público e o privado.
Hoje, seis de novembro de dois mil e sete, num final de tarde; fui à Praça de Casa Forte com meu filho para que ele gastasse um pouco de sua energia. E quanta energia! E, diga-se, acumulada por estar dentro de um apartamento (ou seria "apertamento"). Bom, não importa. Fomos à praça.
Em meio àquelas árvores e laguinhos projetados por Burle
Marx, num colorido gracioso de natureza diante de arranha-céus de luxo, escolas
e igreja, deparei-me com a estranheza de me sentir tão parte, mas também tão distante.
Enquanto observava meu pequenino sorrir no meio daquela incrível cenário, vendo-o curtir uma sensação de liberdade única, meu olhar se voltou para um cachorro que acabara de passar por nós correndo. Acompanhei-o e, de fundo, pude perceber duas coisas que me chamaram atenção. Não sei bem o motivo.
Havia uma mulher de idade avançada, maltrapilha, deitada em
um dos bancos laterais que circulavam a praça. À sua frente, três adolescentes
brincavam de correr e se jogar no lago central. Neste instante tive a sensação
de que eu estava num local privado – a casa daquelas quatro pessoas.
Pra mim, a senhora parecia estar no aconchego de um quarto
e o banco era a sua cama (e quem sabe se não o era?). Os adolescentes se
divertiam, correndo – marcavam distância- e pulavam no lago. Assemelhava-se a
uma piscina no quintal de casa. Aquela ideia de “casa deles” permaneceu me
incomodando e notei a tênue linha existente entre o público e o privado.
Eu me sentia como se tivesse entrado na casa de alguém sem
ter sido convidada. De repente, surgiu uma menininha com mais ou menos um ano
de vida, acompanhada de sua babá e irmã mais velha, gritando: “Neném, neném!”,
e se dirigiu ao meu “pequeno”. Eles se olharam e ficaram ali parados se
reconhecendo em silêncio.
Ali, me dei conta que a praça continuava a ser pública e de
todos – uma de suas finalidades – e, portanto um cenário para encontros,
acontecimentos e possibilidades. É claro que este meu “retorno à realidade” não
me tirou do paradoxo, nem tampouco da noção de que aquela cena, que para muitos
já é banal, se tratava de uma conseqüência de muitos problemas sociais de
nosso país.
Foram segundos de idéias que me jogaram para fora daquele
momento com meu filho. A cruel realidade de muitos e a minha busca por
qualidade de educação, solidificação de bons valores e doação de amor
incondicional àquele que dependia de mim, desde que o trouxe ao mundo. Momentos
de inquietação, mas que me instigaram a pensar no que eu queria ensinar a meu
filho. Bem, na próxima vez que formos até a praça, espero não estar “sentando
na cama” de alguém.
Texto: Escrito Por Déborah Marques de Almeida em 06/01/2007 e editado e revisado em 27/06/2012
Um banco
Vitória Réia do Laguinho
Vista de cima de um edifícil que circunda a praça.
Não sei o
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